O lugar das coordenações pedagógicas na educação básica e relações raciais: um estudo em escolas paraenses
O objeto do presente estudo consiste na intervenção das coordenadoras pedagógicas na Educação Básica e em seu trabalho no que tange às relações raciais no cotidiano escolar. Este estudo tem como objetivo geral analisar o lugar das coordenações pedagógicas nas ações cotidianas da escola e na relação com os estudantes; e, como específicos, (i) identificar as mudanças que ocorreram na profissão das coordenações pedagógicas na escola básica; (ii) demonstrar como esses agentes escolares se relacionam com os estudantes que apresentam novo perfil e novas demandas no cotidiano escolar; (iii) verificar como a temática das relações raciais é percebida e encaminhada por esses profissionais na escola; e (iv) evidenciar as contribuições e fragilidades das formações inicial e continuada desses profissionais que repercutem nas suas intervenções e nas suas atividades cotidianas. Tais objetivos buscam responder à seguinte questão: como as coordenações pedagógicas têm desenvolvido sua intervenção com os estudantes nas escolas públicas de educação básica, levando em consideração a literatura especializada, as legislações que tratam das relações raciais na escola e seu cotidiano profissional? Para tanto, subsidia-se metodologicamente em Laurence Bardin (2016) quanto à análise de conteúdo no tratamento dos dados coletados; em entrevistas direcionadas por questionários semiestruturados, aplicados a quatro coordenadoras pedagógicas, de três escolas públicas, localizadas na periferia de Belém-PA. No decurso do estudo, a discussão sobre a formação profissional das coordenações pedagógicas e as questões que fazem parte deste contexto no qual elas atuam – no que tange às relações raciais assim como ao trabalho pedagógico essencial desenvolvido por elas no direcionamento das atividades da escola – pautamo-nos, principalmente, no aporte da literatura especializada produzida por Vera Maria Nigro de Souza Placco e Laurinda Ramalho de Almeida (2009, 2012, 2015); Wilma de Nazaré Baía Coelho e Maria do Socorro Ribeiro Padinha (2013); Wilma de Nazaré Baía Coelho e Carlos Aldemir Farias da Silva (2017). Ao se discutir a categoria “cotidiano” e a percepção desta pelos atores do trabalho, recorremos à Michel de Certeau (1994). Conclui-se, pois, que o lugar das coordenações pedagógicas – de definidoras das políticas educacionais realizadas na escola – é reiterado pelas legislações sobre diversidade e demanda destas profissionais a reiteração da necessidade do aprofundamento de seus conhecimentos sobre as sociabilidades adolescentes e sobre o domínio do aporte teórico relacionado à literatura especializada no campo da educação; além de reconhecer sua importância e seu lugar na escola.