O Ensino de Ciências/Química no Contexto da Base Nacional Comum Curricular e da Reforma do Ensino Médio
Neste trabalho, analisa-se como as políticas públicas educacionais atuais, a saber, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Reforma do Ensino Médio (REM), podem reverberar na formação e atuação de professores de Química da Educação Básica pública. Inicialmente, realizou-se um breve resgate histórico das políticas públicas educacionais brasileiras em vigência voltadas à Educação Básica desde a LBD/96 até a BNCC e a REM. Em seguida, avaliaram-se 25 trabalhos relacionados ao Ensino de Ciências publicados no Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ), no Encontro Nacional de Pesquisas em Educação em Ciências (ENPEC) e em artigos de revistas com classificação A1 e A2 pela CAPES. A análise dos trabalhos selecionados foi efetuada através da Análise Textual Discursiva (ATD), da qual emergiram as categorias: articulação de conceitos científicos e aspectos sociais na BNCC e na REM; organização curricular da BNCC e da REM; e autonomia docente: na vigência da BNCC e da REM. Por meio da análise, identificou-se que essas políticas públicas disputam interesses e influências políticas, econômicas, sociais e culturais, garantindo a permanência de conteúdos conservadores nos documentos, além de favorecer a formação dos estudantes para o mercado de trabalho e desconsiderar questões sociais articuladas a conceitos científicos. Os trabalhos destacam também que essas políticas reduzem o papel do professor no ambiente escolar. Desta forma, considerando as implicações da BNCC e da REM no exercício da docência em Química na Educação Básica pública, organizou-se entrevistas individuais, com roteiro semiestruturado e uma entrevista coletiva com 8 docentes que atuam na Região Metropolitana da Grande Florianópolis, estado de Santa Catarina. Assim como os trabalhos, as entrevistas também foram submetidas à ATD, resultando em três categorias: os reflexos da BNCC nos processos formativos; os reflexos da REM nos processos formativos; e a BNCC e a REM no contexto do ensino público e privado. Mediante a análise, revelou-se que os professores não frequentaram cursos de formação que pudessem situá-los sobre a implementação dessas novas políticas educacionais nas escolas, embora relatem que consideram precoce o protagonismo dos estudantes através da escolha dos itinerários formativos. Salientam também um aumento na desigualdade de oportunidades e apontam que é infactível nivelar a BNCC e a REM em escolas públicas e privadas como explicitam as propagandas do governo.