Base Nacional Comum Curricular (BNCC): o contexto da prática em escola públicas de Ensino Médio no município de Aracati-CE
Esta pesquisa tem como objeto de estudo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Investiga como essa política está sendo produzida em/por escolas de Ensino Médio Regular do município de Aracati/CE. Destaca como os sujeitos atribuem sentidos a essa política, como discursos em torno da produção dessa Base circulam nas escolas e os possíveis desdobramentos que produzem no currículo das unidades de ensino em pauta. Com base na abordagem do ciclo de políticas de Ball e Bowe (1998), questiona uma visão estadocêntrica de constituição das políticas e entende a sua produção de forma cíclica e em múltiplos contextos. Em diálogo com Lopes e Macedo (2011), Lopes (2015, 2017, 2018), Macedo (2018), Oliveira (2017), defende que o conhecimento expresso na política de currículo precisa estar imerso em um sistema de significados para que seu sentido seja apreendido pelos sujeitos, e questiona a centralidade curricular da BNCC, cuja pretensão é a formação de identidades fixas. Compreende que no contexto da prática as políticas são interpretadas e recriadas pelos atores locais e sofrem mudanças significativas, dados os movimentos de negociação, de lutas e de resistências. Trata de uma pesquisa qualitativa, cuja produção dos dados sobre a BNCC ocorreu no contexto escolar, privilegiando saberes e fazeres que caracterizam a práxis dos seus profissionais. A pesquisa tem como participantes professores e gestores efetivos de duas escolas estaduais de Ensino Médio (EEM) regular, situadas no município de Aracati/CE. A produção de dados foi realizada mediante organização de três Grupos Focais e análise do Projeto Político Pedagógico (PPP) das escolas investigadas para perceber, através do acesso a esses discursos e documentos presentes no contexto da prática, como as escolas significam/traduzem a política da BNCC. Considera que novos sentidos continuam sendo produzidos no contexto da prática em relação à BNCC e outras disputas por hegemonia estão em cena, o que impacta na política que está sendo construída por esses sujeitos nessas instituições. Nesse sentido, a proposta de flexibilização curricular para o alinhamento do currículo à BNCC e aos itinerários formativos está sendo construída a partir de movimentos de negociação, de lutas e de resistências e há um processo fluído de produção de sentidos sobre os itinerários formativos que mantêm relação com as condições de trabalho e a identificação dos docentes.